segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

A Relação entre as Ameaças e as Ações Violentas entre Crianças e Adolescentes‏

A Relação entre as Ameaças e as Ações Violentas entre Crianças e Adolescentes
 
 
"Vários estudos têm mostrado que a exposição à violência vem
aumentando entre os jovens americanos, principalmente em suas próprias
casas, na vizinhança e nas escolas. Simultaneamente, uma extensa
literatura alerta quanto aos efeitos da exposição à violência no
comportamento e desenvolvimento emocional das crianças e dos
adolescentes. Enquanto ficam claros os efeitos da violência entre a
juventude, há um consenso a favor da necessidade de se identificar os
jovens que estão mais propensos a ter condutas violentas. Desta
maneira, uma aproximação deve ser tentada, através de modelos de saúde
pública, para a prevenção da violência".
 
Introdução
 
Estudos revelam que os jovens não só são as principais vítimas da
violência, mas também, seus principais propagadores. Um estudo
realizado pelo centro de controle e prevenção de doenças de Atlanta
mostrou a ocorrência de 127 casos de incidentes violentos entre 100
estudantes do segundo grau, durante 12 meses. Outro estudo, realizado
pelo Instituto Nacional de Justiça de Washington D.C, envolvendo um
grupo de 4.000 jovens, mostrou que cerca de 22% dos jovens do sexo
masculino possuíam uma arma e 38% acreditavam ser válido o uso dessas
armas, caso corressem o risco de serem feridos. Dados estatísticos
também revelam que desde 1985 até 1994, as taxas de homicídios
cometidos por jovens de 14 a 17 anos de idade aumentou em 172%,
enquanto que as taxas de homicídios entre adultos maiores de 25 anos
diminuíram em 25%.
 
Entre a população adulta, as ameaças têm sido identificadas como
importante fator de risco para a promoção da violência. Apesar dos
dados a respeito da violência entre adultos, pouco se sabe sobre esses
dados entre crianças e adolescentes, os quais representam uma
população com grandes chances de cometerem ou serem vítimas de um
crime.
 
Tentando investigar a relação entre as ameaças de violência e a
prática de crimes entre crianças e adolescentes, dois pesquisadores
americanos, Dr. Mark I. Singer e o Dr. Daniel J. Flannery, conduziram
uma pesquisa publicada na revista Arch Pediatr Adolesc Med., de agosto
de 2000.
 
O Estudo
 
Para a pesquisa foram realizados três estudos independentes. O
primeiro foi realizado em escolas de segundo grau, localizadas em Ohio
e em Colorado ("Ohio/Colorado High School"), onde foi investigada a
relação entre a exposição à violência e os sintomas de trauma
psicológico. Foi aplicado um questionário a todos os estudantes do
segundo grau de 6 escolas públicas, no ano letivo de 1992-1993,
durante o horário de aula. Todos os estudantes foram convidados a
participarem do estudo. A taxa de adesão foi de 68%. A maioria dos
participantes pertencia a classes sociais mais baixas.
 
O segundo estudo foi realizado em 11 escolas públicas de primeiro
grau, localizadas em Ohio ("Ohio elementary/middle school"). Este
investigou a relação entre a exposição à violência e o início de
sintomas de trauma psicológico entre as crianças de 7 a 14 anos. Foi
aplicado um questionário às crianças, entre os anos de 1995-1996,
durante o horário de aula. A taxa de resposta foi de 80%. A maioria
dos estudantes pertencia às classes média e baixa.
 
Por fim, o terceiro estudo foi realizado em 16 escolas de primeiro
grau localizadas no Arizona ("Arizona Elementary School"), e analisou
a eficácia de um programa de prevenção da violência, o
"PeaceBuilders". Neste estudo foi aplicado um questionário às
crianças, aos pais e aos professores, entre os anos de 1994 a 1998. A
taxa de adesão foi de 85%.
 
As crianças do primeiro grau de Ohio e do Arizona responderam às
seguintes perguntas: Quantas vezes no último ano elas.... (1)
ameaçaram ferir alguém? (2) deram um tapa ou um soco em alguém, antes
de terem apanhado de alguém? (3) deram um tapa ou um soco em alguém,
depois de terem apanhado de alguém? (4) espancaram alguém? e (5)
atacaram ou feriram alguém com uma faca? O questionário podia ser
respondido com 4 respostas: (0) nunca, (1) às vezes, (2) sempre e (3)
quase todos os dias. Os alunos do segundo grau responderam a uma sexta
pergunta, que foi considerada inapropriada para os alunos do primeiro
grau: (6) se haviam ferido alguém com arma de fogo?
 
Resultados
 
Cerca da metade dos participantes eram do sexo feminino. A percentagem
de brancos variava de 31% a 57%, os hispânicos variavam de 5% a 51% e
os negros representavam 6% a 35% dos estudantes. A idade variava de 7
a 19 anos.
 
Metade dos alunos do sexo masculino do segundo grau havia ameaçado
alguém no último ano. Mais de 36% dos estudantes do sexo masculino do
Arizona tiveram esse mesmo comportamento. O relato de ação violenta
foi maior entre os estudantes do segundo grau, para ambos os sexos. O
principal ato violento relatado foi baterem, depois de terem sofrido
agressão física.
 
A análise das escolas de primeiro grau mostrou que a idade dos alunos
que ameaçaram alguém, sempre ou às vezes, era maior do que a dos
estudantes que nunca ameaçaram ninguém. A maior parte dos alunos que
nunca ameaçaram alguém vivia com ambos os pais.
 
Entre os alunos que haviam feito ameaças, houve 5 casos de atos
violentos. O número de espancamentos foi maior entre o sexo masculino.
Os alunos que ameaçavam às vezes tinham, cerca de 3 a 4 vezes, mais
chances de cometerem violência, enquanto os que ameaçavam sempre
tinham um risco, de 14 a 23 vezes mais, de cometer agressões do que
aqueles que nunca fizeram ameaças.
 
Conclusões
 
Os autores acreditam que esse estudo mostrou que os jovens que fazem
ameaças são mais propensos a terem condutas violentas, mostrando a
necessidade do desenvolvimento de planos de prevenção da violência,
como a promoção da educação das crianças em relação à violência e o
treinamento dos profissionais que lidam com esses jovens.
 
Mas apesar dos dados mostrados no estudo, os pesquisadores falam que
este possui muitos erros e que outros estudos mais avançados precisam
ser realizados, para ampliar os conhecimentos nesse campo e para o
desenvolvimento dos meios de controle da violência entre a juventude.

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