Para o centenário da escritora Rachel de Queiroz, em 17 de novembro, Quixadá inaugurará Memorial
Quixadá. Um presente especial para Rachel de Queiroz no seu centésimo aniversário. A Fundação Cultural de Quixadá pretende comemorar a data inaugurando o Memorial em homenagem a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras. As obras de restauração do Chalé da Pedra, construído sobre um enorme monólito, no Centro desta cidade, foram iniciadas. Dentro de 64 dias o público poderá apreciar peças do acervo pessoal e literário da imortal escritora na exótica moradia transformada em espaço histórico-cultural.
De acordo com a presidenta da Fundação Cultural, Sandra Venâncio, estão sendo investidos R$ 187 mil na restauração e adaptação do imóvel histórico. Os recursos são oriundos da Secretaria de Cultura do Estado (Secult), através do Fundo Estadual da Cultura com contrapartida da administração pública local. O prazo para execução do projeto seria de 90 dias, mas foi readaptado para dois meses. Os serviços deverão estar concluídos um dia antes de 17 de novembro, data dos 100 anos de nascimento da ilustre escritora cearense.
Os trabalhos estão sendo realizados por uma equipe especializada. O restaurador Antônio Moça Velha cuida da recuperação dos traços ecléticos do imóvel desgastados pelo tempo. A arquiteta e museóloga Lídia Sarniento elabora o designer interior, adaptando os cômodos em ambientes de exposição. Um deles será utilizado para exibições videográficas. O bibliófilo José Augusto Bezerra seleciona e cataloga o material a ser exposto, dentre eles a máquina de escrever, um vestido preferido e dezenas de fotografias raras.
O projeto de implantação do Memorial teve início em 2007, quando a Fundação Cultural era presidida por Irisdalva de Almeida, a Dadá. Na época ela foi ao Rio de Janeiro, onde fez levantamento dos pertences da escritora disponibilizados pela família para apreciação pública. A principal exigência era a climatização do espaço destinado ao Memorial. Em fevereiro daquele ano o Chalé foi tombado como patrimônio histórico de Quixadá, através do Conselho Municipal Histórico Cultura e Ambiental.
Traços mantidos
Desde a sua construção o Chalé nunca havia passado por restauro. Ao longo dos anos várias camadas de tinta, de cores diferentes, foram encobrindo suas características originais. Os traços arquitetônicos foram mantidos. A planta foi copiada de uma construção existente ao fim da parede do Açude do Cedro. "Para receber as peças históricas doadas pela irmã caçula de Rachel de Queiroz, Maria Luiza Salek, foram necessários estudos museográfico, iluminotécnico e de climatização", explica Sandra Venâncio.
A expectativa agora é com a inauguração do Memorial. Será mais uma prova do carinho e admiração do povo de Quixadá à celebre escritora, que embora tenha nascido em Fortaleza e passado a maior parte da sua vida no Rio de Janeiro, tinha fortes raízes com este Município. O pai dela foi juiz de Direito da cidade. A família possui uma propriedade rural, a fazenda "Não me deixes", situada no distrito de Daniel de Queiroz. A maioria de suas obras foram inspiradas no convívio sertanejo.
Não bastasse tamanha afinidade de Rachel de Queiroz com a "Terra dos monólitos", Sandra Venâncio acrescenta mais peculiaridades: A mãe do restaurador Antônio Moça Velha era amiga pessoal da escritora; a museóloga Lili Samiento, como é mais conhecida, é esposa do arquiteto, natural de Quixadá. Ainda em vida, Rachel de Queiroz revelou a amigos e parentes o desejo de perpetuar seu nome na terra que lhe adotou como filha ilustre. Agora, Quixadá escolhe o Chalé da Pedra como seu acalanto memorial.
Quando for inaugurado, o novo espaço estará aberto ao público durante toda a semana. Entretanto, nos sábados, domingos e feriados, será necessário agendar as visitas. Os interessados poderão conhecer livros, troféus, medalhas, diplomas, objetos pessoais e fotografias que mostram a escritora em diversas fases da vida. O acervo estará dividido em três ambientes distintos: sala de exposição do acervo pessoal, sala de leitura e produção literária e sala de estudos sobre a vida e obra da escritora cearense.
A Fundação Cultural pretende realizar estudos técnicos para a viabilização de uma estrutura voltada para a inclusão social. O restauro também contribuirá para a conservação da paisagem urbana e sua transformação a partir do uso e do desenvolvimento de programas de preservação do patrimônio. Ações educativas poderão ser potencializadas e a economia local também será aquecida a partir do mais novo equipamento histórico-cultural da cidade.
Imóvel
Construído pelo industrial Fausto Cândido de Alencar, na década de 1920, o Chalé da Pedra está situado na Praça da Cultura, ao lado do Centro Cultural Rachel de Queiroz. São 356.96m² de área edificada. Inicialmente foi erguido com o intuito de moradia. Depois veio a maçonaria, nos anos 30, da qual o proprietário era membro. Após dez anos o Chalé serviu a funcionários do Banco do Brasil. Em 2007 a Prefeitura de Quixadá adquiriu o imóvel, passando-o a acervo da cidade.
Participação
"O Memorial surge de muitas mãos para manter vivo o reconhecimento à escritora."
Sandra Venâncio
Presidente da Fundação Cultural de Quixadá
MAIS INFORMAÇÕES
Fundação Cultural Rachel de Queiroz, Praça da Cultura, Centro
Quixadá , (88) 3414.4681
culturaq@fortalnet.com.br
VIDA EXALTADA
Estudantes homenageiam escritora
Quixadá. No Dia da Independência, algumas escolas de Quixadá demonstraram o tamanho do carinho e da admiração por Rachel de Queiroz. Os 1.350 alunos da Escola Estadual de Ensino Médio Coronel Virgílio Távora exaltaram a vida e obra da ilustre homenageada. Na abertura do desfile, o retrato histórico da autora de destaque na ficção social nordestina montado em mosaicos humanos arrancou calorosos aplausos do público. No verso, sua consagrada coleção literária.
Os pelotões desfilavam orgulhosos. Em cada um deles faixas com passagens de seus livros: "No entanto tenho esperança ... pode ser ... há tanto milagre no mundo!" (O Quinze); "A criatura humana me fascina muito e me comove. Quando escrevo, tenho o ser humano como objeto da minha narrativa" (Caminho de pedras); "Seus instintos a instigaram a explorar novos rumos" (As três Marias); "Doer, dói sempre. Só não dói depois de morto, porque a vida toda é um doer" (Dôra Doralina).
"O alpendre é o abrigo, a rede o repouso, o açude a garantia de água e vida" (Um alpendre, uma rede, um açude: 100 crônicas escolhidas).
Havia explicação para a caprichada homenagem. No início do ano letivo, na Semana Pedagógica, o colegiado de magistrados do Estadual - como o estabelecimento de ensino público é conhecido popularmente - decidiu desenvolver como proposta educacional a "Vida e Obra de Rachel de Queiroz". Coordenada pelo professor Francisco da Fonseca, a equipe de Multimeios da escola passou a promover uma série de atividades tendo como foco principal os 100 anos da escritora.
"Quanto mais os alunos leem, mais se interessam pelos livros dela. Quando menos percebem estão contagiados pela riqueza literária de suas obras. Não há como resistir. Apesar de poucos a terem conhecido, nas páginas recheadas da história do nosso povo logo criam a afinidade com quem mais do que ninguém conhecia o espírito sertanejo. Foi assim comigo. Ela tinha tanto amor por nossa terra quanto o mais fervoroso filho de Quixadá", justifica o educador.
Enquanto o Ceará se prepara para celebrar o 100° aniversário da escritora romancista, jornalista e dramaturga, não param as homenagens nesta cidade. Em junho passado os Correios lançou no auditório da Câmara de Vereadores o Selo do Centenário. Na Câmara também houve exposição de objetos pessoais e fotos gentilmente cedidos pela família e amigos.
ALEX PIMENTEL
Colaborador
Fonte: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=850070
POSTADO por Ari, vice-presidente do C.A.
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